quinta-feira, 8 de dezembro de 2022

Arco Metropolitano: de solução de tráfego para rota fantasma e perigosa


De solução para o tráfego da Região Metropolitana do Rio de Janeiro para rota fantasma e perigosa. Essa é a realidade do Arco Metropolitano, que depois de sua inauguração, em 2014, não recebeu mais nenhum tipo de investimento, e se transformou em rota fantasma e perigosa. A situação do Arco foi o primeiro capítulo do quadro "Muita promessa e pouca entrega", do RJ2.

A obra custou quase R$ 2 bilhões, e os mais de 70 quilômetros de rodovia chegaram com muitas promessas. A previsão era de que o trecho que liga Duque de Caxias, na Baixada Fluminense, até o Porto de Itaguaí, seria uma solução de mobilidade urbana, geração de empregos e redução dos custos de transportes de mercadorias.

Oito anos depois, o caminhoneiro baiano diz que as próprias empresas não permitem que o arco entre na rota de transporte.

“Só passa aqui, no último caso. À noite eu não passo aqui nem a pau. Só Avenida Brasil. O risco de roubo é muito alto. Se aqui fosse seguro, seria bem mais rápido, bem mais fácil, mas infelizmente a gente está à mercê de todos”, diz Roney Costa.

As queixas sobre insegurança no Arco Metropolitano vêm desde a inauguração. Falta sinalização, iluminação e segurança para quem passa. O lugar ganhou apelido de Faixa de Gaza.

O projeto inicial previa a construção de 145 quilômetros, cortando oito municípios até chegar a Itaboraí, uma ligação entre o Porto de Itaguaí e o Comperj.

Seria uma rota para evitar cruzar desnecessariamente o município do Rio e ajudaria a desafogar o trânsito na sempre engarrafada Avenida Brasil e também uma alternativa para a ponte Rio-Niterói ajudando em situações como a interrupção do tráfego da ponte por 3 horas no dia 14 de novembro, por causa de um acidente com um navio à deriva.

Mas até hoje só foram concluídos pouco mais de 71 quilômetros que ligam Itaguaí a Duque de Caxias. Mesmo esse trecho, com asfalto novo, nunca deixou de ser uma "estrada fantasma", o que facilitou o roubo de postes de iluminação da via.

A cada quilômetro percorrido, não dá para saber qual a quilometragem para saída pra Belford Roxo e Duque de Caxias. A placa de retorno à esquerda já está pela metade.

O DER, Departamento de Estradas de Rodagens - era o responsável pelo monitoramento e conservação do Arco, mas o contrato acabou em dezembro de 2015. Uma licitação foi feita para a contratação de uma empresa terceirizada. O contrato chegou a ser assinado, mas foi cancelado por falta de orçamento.

Desde setembro, a concessionária Eco-Rio-Minas assumiu a operação da rodovia, mas a concessão ainda não mudou a vida de quem passa por ali.

A falta de estrutura ainda é uma preocupação para quem dirige pela rodovia, assim como a falta de segurança.

A segurança da rodovia é feita pela Polícia Rodoviária Federal desde 2018. Em 2020, o Governo Federal anunciou a construção de um posto policial na altura de Japeri para reforçar a segurança e dar mais estrutura ao trecho. A previsão era terminar a obra em fevereiro desse ano, mas nove meses depois, ainda parece ter muito trabalho pela frente.

"Acho que teria que melhorar essa parte de posto,colocar mais postos. Aumentar a segurança de alguma forma, que aí seria um local mais seguro, opina o técnico em refrigeração Wesley Silva.

“Não existe um único ente responsável por fazer o Arco funcionar de forma adequada. Mas é apenas pela integração tanto das foça de segurança, quanto pelos governos estadual, federal e municipal, que a gente vai ter de fato o Arco Metropolitano atingindo o seu potencial de ser o indutor de desenvolvimento da Baixada Fluminense, da Região Metropolitana e do estado do Rio de Janeiro nos próximos anos”, diz Isaque Ouverney, gerente de infraestrutura da Firjan.

Duplicação da Itaboraí-Magé: dez anos sem progressos

Como a gente viu, ainda falta muito para os os setenta quilômetros do arco metropolitano contribuírem para o desenvolvimento do estado. E a parte que já está concluída corresponde só à metade do projeto original, que deveria ter sido totalmente entregue há mais de dez anos.

O marco zero da BR-493 está localizado no segundo trecho, o que ainda não foi concluído: a duplicação da estrada Itaboraí- Magé.

Após dez anos, a situação do trajeto é praticamente a mesma. Em Magé , ainda é possível encontrar a placa do início das obras de duplicação da BR.

Quase não dá mais pra ler, mas algumas informações resistiram ao tempo:

Início da obra: fevereiro de 2014.
término: fevereiro de 2018.

Esse ano, o Governo Federal chegou a retomar as obras e concluiu a duplicação de um trecho de apenas seis quilômetros.

"É só esse trecho dali, depois do pedágio, uns 100 metros. Não dá 10 kms duplicado. A gente tem que ficar divindo a pista entre um carro e outro. É uma dificuldade enorme pra todos nós que somos carreteiros", diz o carreteiro Moacyr Jorge.

Seu Moacyr trabalha há 20 anos como carreteiro e leva constantemente carga para o espírito santo, principalmente. A obra completa do Arco Metropolitano iria facilitar muito a vida dele.

"Às vezes tá congestionada a Ponte e a gente corta por aqui ou carrega junto à Caxias pra não dar a volta e corta aqui por dentro mesmo. Se tivesse ficado pronto?

No trecho onde a obra terminou, os moradores ainda reclamam da falta de uma passarela. eles tinham que botar não botaram. "Já morreu muita gente atropelada por causa dessa passarela", diz o pedreiro José de Assis.

A Ecoriominas, que assumiu a gestão do Arco Metropolitano, informou que tem prazo até setembro de 2023 para concluir a manutenção das pistas e da sinalização de toda a rodovia. Segundo a concessonária, a iluminação será totalmente refeita até o fim do quinto ano de concessão.---

A Ecoriominas informou que o prazo para a conclusão da duplicação do segundo trecho é 2026 e que está prevista a instalação de três passarelas ao longo do caminho.

A Polícia Rodoviária Federal, respónsável pela segurança da via, disse que houve uma diminuição do número de roubos a veículos de carga e de passeio e acrescentou que não há prazo para o término da obra de construção do posto da PRF na altura de Japeri.

Via G1

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