quinta-feira, 1 de julho de 2021

Situação é tensa em ação de reintegração de posse de terreno em Itaguaí


ITAGUAÍ - O clima é tensão na manhã desta quinta-feira durante ação de reintegração de posse de um terreno da Petrobras, em Itaguaí, na Região Metropolitana do Rio. A Justiça tenta retirar cerca de 400 famílias sem teto que moram no local.

As pessoas resistem em sair e agentes da Polícia Militar chegaram a usar bombas de gás lacrimogêneo e um caminhão blindado com água para dispersar as pessoas que insistam em não deixar o local. O local está invadido desde maio.

A Justiça determinou reintegração de posse do local. Com o apoio de agentes do Batalhão de Choque e da Coordenadoria de Recursos Especiais (Core) acompanham os oficiais de justiça que tenham cumprir a ordem judicial.

Pouco depois das 7h50, policiais conseguiram passar pelo portão e entraram no acampamento, após confronto com os manifestantes. Alguns barracos de lona pegaram fogo após o início da reintegração. Barricadas foram incendiadas e os moradores reagiram com pedras as bombas lançadas pelos agentes.

De acordo com informações do RJTV, da Rede Globo, policiais usaram bomba de efeito moral. Barracões foram incendiados e Corpo de Bombeiros teve de intervir.

Centenas de famílas sem-teto ocupam a áreaCentenas de famílas sem-teto ocupam a área 
Foto: Gabriel de Paiva / Agência O Globo

A ocupação do terreno, que fica na Estrada Deputado Otávio Cabral, no bairro Ponte Preta, se deu no início de maio.Estas pessoas ocupam uma área vazia e abandonada, de propriedade da Petrobras.

O movimento, que luta por moradia, chegou ao local no último Dia do Trabalhador. No terreno há estrangeiros e brasileiros que temiam as constantes ameaças de despejo.

No último dia 2, o Superior Tribunal de Justiça (STJ) expediu uma ordem de reintegração de posse, atendendo a um pedido da Petrobras, com a orientação de que as famílias fossem assistidas com opções de moradias e inscrição em programas sociais.

A área seria destinada à construção de um polo petroquímico, que acabou sendo levado para Itaboraí. Entre as tendas e barracas também há cabeleireiros, barbeiros e mercearias.

Famílias desabrigadas

Assim que a polícia retirou os moradores, uma máquina retroescavadeira começou a colocar abaixo os barracos que eram de lona e bambu. Algubs pertences pessoais dos moradores ainda permaneciam dentro dos abrigos. Muita gente não conseguiu pegar o pouco que tinha.

Foi o caso da desempregada Selma Cabral de Souza, de 45 anos, que até dois meses morava em Sepetiba, na Zona Oeste do Rio. Ela contou que a proprietária da casa onde morava pediu o imóvel e ela teve de ir para o acampamento com a família.

— Não tenho pra onde ir. Não posso pagar aluguel. Perdi tudo nessa crise e agora estamos na rua — lamentou Selma.

A aposentada Rosimere Silva Santos, de 61, que recebe um salário mínimo do INSS para sustentar nove pessoas tambem veio de Sepetiba Ela estava no acampamento há dois meses.

— Estou arrasada. Por que eles não deixam a gente ficar aqui? Muito triste isso. Não temos ninguém pela gente. Estamos jogados às traças. Fiquei desempregada e não consegui fazer nada. Ou pagava o aluguel ou comia. Então, a minha filha viu o acampamento nas redes sociais e viemos. Tenho uma família enorme pra sustentar e agora não temos mais nada — sae queixou.

O barbeiro desempregado Onesimo Ferreira Lobo Ramos, 34, tem seis filhos e veio de Pedra de Guaratiba, há dois meses. Ele conta que estava procurando emprego.

— Com o dinheiro do aluguel paguei um frete e desde então estou aqui. Faço uns bicos, mas não dá para sustentar os filhos. Aqui a alimentação era certa. Agora eu não sei o que vai acontecer e para onde vamos.

O ajudante de pedreiro Ramom Ribeiro da Silva, de 22, morava em Maricá e estava no local com a mãe há dois meses. Ele disse que foi atingido por uma bala de borracha durante a ação de desocupação.

— Hoje, a gente fez um ato pacífico e eles começaram a atirar. Fui atingido no olho e no nariz — disse.

Em nota, a Petrobras disse que o mandado de reintegração de posse foi expedido pela 2ª Vara Cível de Itaguaí e conta com o apoio da Secretaria de Assistência Social da Prefeitura de Itaguaí, da Secretaria de Desenvolvimento Social e Direitos Humanos do Estado do Rio de Janeiro e da Polícia Militar, a fim de garantir a desocupação segura e pacífica.

Nota da Petrobras:

“A Petrobras informa que, na presente data, foi cumprido o mandado de reintegração de posse expedido pela 2ª Vara Cível de Itaguaí, conforme anteriormente autorizado pelo Presidente do Superior Tribunal de Justiça, com o apoio da Secretaria de Assistência Social da Prefeitura de Itaguaí, da Secretaria de Desenvolvimento Social e Direitos Humanos do Estado do Rio de Janeiro e da Polícia Militar, a fim de garantir a desocupação segura e pacífica do imóvel na Rua Deputado Octávio Luis Cabral, em Itaguaí.

Para a efetivação da referida ordem judicial, a Petrobras forneceu kits com álcool em gel e máscara, ofereceu transporte até três rodoviárias próximas ao Município de Itaguaí, além de serviço de armazenamento e guarda de bens em depósito contratado pela própria Companhia. Também foram providenciados alimentação, colchonetes e cobertores para atender às pessoas que ficarão temporariamente em abrigos disponibilizados pela Prefeitura.”

Via: Jornal Extra

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