quinta-feira, 11 de fevereiro de 2021

Desaparecimento de jovens de clínica terapêutica em Itaguaí, completa um mês sem solução


Lucas Pereira da Silva, de 20 anos, e André Moraes de Paula, de 28, fugiram da unidade e não foram mais vistos. Comissão de Direitos Humanos oficiou Delegacia de Homicídios para saber da investigação. Caso segue sob sigilo.

ITAGUAÍ - O caso de desaparecimento de dois jovens que estavam em uma clínica terapêutica em Itaguaí, na Baixada Fluminense, completou um mês sem solução. A Delegacia de Homicídios abriu um inquérito para descobrir onde estão Lucas Pereira da Silva, de 20 anos, e André Moraes de Paula, de 28.

Ambos estavam internados no Centro Terapêutico Salvando Vidas e fugiram. Os parentes dos internos vivem uma angústia sem fim.

“A gente está cada dia pior. Porque a gente não tem aquela notícia de que vai ser feito a justiça”, disse Débora da Silva Ferreira Passos, mãe do Lucas.
“Minha mãe está sob efeito de remédios para lidar com a situação. (...) A gente tem um irmãozinho menorzinho que ontem mesmo chegou para mim e perguntou assim "Ana, quando que o André volta para casa?". Está muito difícil sentar na mesa para comer sem ele, sem conversar com ele”, disse Ana Carolina Moraes, irmã de André.
Os dois, segundo a família, tinham esquizofrenia e histórico de uso de drogas. Eles desapareceram na madrugada do dia 10 de janeiro. André chegou a ligar pra mãe usando o celular de uma senhora que estava na rua.

“Ele fez uma ligação no dia 10 do mês passado e foi a última vez que tivemos contato”, disse Ana.

Funcionário contou por telefone do sumiço

Um funcionário chamado Tiago mandou uma mensagem de áudio para mãe de Lucas falando sobre o episódio.

“Desculpa o horário. Mas eu venho comunicar que o Lucas evadiu da unidade com outro acolhido. A gente já fez a ronda ostensiva, a gente continua procurando. E se ele entrou em contato com a senhora ou com alguém da família, por favor, nos oriente”, disse o funcionário no áudio.

Os parentes foram até a clínica, mas não conseguiram notícias. Eles receberam fotos mostrando dois rapazes mortos e acreditam que são eles. Os familiares dos desaparecidos afirmam que não tiveram apoio nem da polícia e nem da clínica.

“Hoje a clínica funciona como se nada tivesse acontecido, não liga para gente para dar um apoio. Fala nas redes sociais que o advogado da clínica está dando um apoio para gente, mas a gente nunca viu esse advogado”, disse Ana.

Os corpos não foram localizados. Apesar disso, outros internos contaram aos parentes que houve uma briga na clínica, que motivou a fuga dos jovens.

Comissão de Direitos Humanos pede explicações

A Comissão de Direitos Humanos da Assembleia Legislativa do Rio recebeu as mães dos jovens. A presidente da comissão, Renata Souza (Psol), afirmou que vai oficiar a Polícia Civil para saber do andamento da investigação.

“Vamos encaminhar o caso à Defensoria Pública e também ao Ministério Público para que possa fazer uma investigação externa. Para além disso, vamos oficiar a Delegacia de Homicídios da Baixada [Fluminense] justamente para entender como estão as investigações. Essas famílias merecem ter o seu luto, inclusive, completo. Afinal de contas, nem seus filhos puderam enterrar”, afirmou a presidente.

O que dizem os citados

A Polícia Civil disse que as testemunhas prestaram depoimento e que diligências estão sendo realizadas para esclarecer os fatos e que a investigação está sob sigilo.

O Centro Terapêutico Salvando Vidas disse que deu apoio nas buscas dos jovens até o momento que o desaparecimento virou caso de polícia. A partir do momentos que as buscas estão nas mãos do estado, a clínica se coloca à disposição das famílias para suporte psicológico.

Via: G1

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