Lei altera denominação do logradouro, mas moradores organizam abaixo-assinado contra a medida
ITAGUAÍ - A lei número 3887, que foi aprovada pelos vereadores na terça-feira (24), faz uma homenagem ao ex-prefeito Benedito Amorim, que morreu em 4 de novembro deste ano. Benedito elegeu-se prefeito de Itaguaí pelo PDT e governou a cidade de 1993 a 1996. Seu mandato, que trouxe modernização, foi marcado por importantes conquistas. A ideia do autor do projeto, seu filho André Amorim (vereador pelo PSC), foi dar o nome de Benedito à rua onde ele morou. Mas a ideia não agradou moradores da até então rua Amélia Louzada. Inclusive um abaixo-assinado já começa a ser organizado como forma de protesto e será protocolado na Câmara na próxima semana. A lei ainda não foi sancionada pelo prefeito Rubem Vieira (Podemos).
A rua Amélia Louzada, no Centro, é importantíssima. Ela começa em uma pequena subida ainda na rua Coronel Freitas e segue, descendo em ladeira, até a Praça Vicente Cicarino. É a rua onde ficam o Teatro Municipal e a Câmara Legislativa, e é paralela à rua General Bocaiúva, onde fica a sede da prefeitura.
Luciana Cicarino e Maria Paulla Santiago, moradoras da rua há mais de 50 anos, reclamam. “Os moradores não foram consultados”, disse a primeira. “Sempre foi esse nome, não concordo com a troca”, disse a segunda. Ambas acham que é válido homenagear o ex-prefeito, mas afirmam que o nome de Benedito deveria batizar o Parque Municipal, pois foi naquele local que a ocorreu a primeira Expo (a maior festividade do município, que começou no governo de Amorim).
Mas nem todo mundo sabe que o Parque já tem nome: chama-se Jutta Fuhrken, graças à lei de autoria do então vereador Silas Cabral (PV), aprovada pela Câmara em 2012. O local leva o nome da mãe de Eike Batista, empresário que despontava na cidade por causa do Porto X (hoje, Porto Sudeste), que, na época, começava a se instalar na Ilha da Madeira.
VEREADOR DEFENDE A LEI
André Amorim disse a O DIA: "A divergência de opiniões faz parte da democracia. Moro nessa rua há 40 anos e jamais soube quem é Amélia Louzada, o que não diminui quem ela foi. Também não concordo com o fato de que o Parque Municipal tenha o nome da mãe do Eike Batista, mas nem por isso quis mudar". O vereador do PSC garantiu que “foram cumpridas absolutamente todas as exigências que a lei determina, não é exigida consulta pública e houve assinaturas”.
Não é o que dizem alguns moradores consultados pela reportagem. O vereador não informou quantas assinaturas de moradores da rua Amélia Louzada o projeto obteve para a aprovação da lei.
Já sobre a necessidade de consulta pública, a Lei Orgânica Municipal determina que, em caso de mudança de nome de logradouro, ela é obrigatória. Está no artigo 52, na página 22, XVII: “na revisão dos nomes dados oficialmente aos prédios e logradouros públicos, atender-se-á ao critério de audiência prévia das comunidades interessadas”.
LIVRO MENCIONA AMÉLIA
Um livro de 2010, cuja realização foi da secretaria municipal de Educação e Cultura, menciona Amélia Louzada. A publicação se chama “Itaguaí, a Cidade do Porto”, e foi organizada pelos historiadores e pesquisadores Gustavo Alves Cardoso Moreira, Maria de Fátima de Castro Silva Santos e Taís Câmara Rocha de Assis. Segundo consta neste livro, a denominação de rua Amélia Louzada foi dada em 1949 para substituir o nome de Rua do Rocio. A iniciativa foi do vereador Maurício Antônio da Silva.
Ainda segundo a publicação, Amélia nasceu em Itaguaí em 1880. Era de família de comerciantes do ramo de hotelaria e transportes. Ela foi bisneta do Comendador Francisco José Cardoso, neta do major João Basílio Teixeira Pires e do vereador Adrião Gomes Guerra. Ela teve 12 filhos com José Nicolau da Cunha Louzada, de quem adquiriu o sobrenome.
Via: O Dia
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