quinta-feira, 3 de setembro de 2020

Problema de abastecimento na Farmácia Central em Itaguaí ainda não foi resolvido


Prefeitura mantém silêncio sobre a situação, mães estão revoltadas, uma delas recebeu instruções para buscar remédios no almoxarifado

ITAGUAÍ - “Fui feita de trouxa”, diz Luciene Marculino da Silva, moradora do bairro Ibirapitanga e mãe de Paulo Henrique, de 19 anos, que tem epilepsia grave e retardo mental. Segundo Luciene, a matéria sobre o desabastecimento na Farmácia Central de Itaguaí, publicada por O DIA em 6 de agosto, fez com que ela fosse chamada pela prefeitura para receber medicamentos. E ela os recebeu no dia 13 de agosto, mas no almoxarifado. “Recebi quatro frascos de Depakene (dois de 500mg e dois de 250mg) e três frascos de Clonazepan gotas. Mas fui buscar no almoxarifado da prefeitura, que fica no subsolo da sede. Quem me orientou foi a assessora do secretário de Saúde, Carlos Zóia”.

Só que um dos remédios acabou. Ela voltou à Farmácia Central no dia 1º de setembro para buscar mais, porém, não conseguiu. Acontece que o desabastecimento continua, assim como o silêncio da prefeitura sobre o assunto.

NO ALMOXARIFADO
De fato, o secretário telefonou para pelo menos duas mães retratadas na matéria sobre falta de neurologista na cidade (publicada em 10 de agosto por O DIA) no dia 13 de agosto. Luciene foi uma das abordadas. Ela foi convidada a comparecer no gabinete da secretaria de Saúde pelo próprio secretário e ela assim o fez, no mesmo dia. Lá chegando, o secretário não estava, mas uma assessora a atendeu e marcou uma consulta no neurologista para Paulo Henrique para o dia seguinte. “E os remédios?”, quis saber Luciene. A assessora então fez uma ligação e orientou Luciene a buscá-los no almoxarifado da prefeitura.

Minutos depois, já no almoxarifado, quando percebeu que a quantidade não seria suficiente para um mês de tratamento de Paulo Henrique, Luciene questionou e recebeu o seguinte comentário do atendente: “Acho que a senhora está dando remédio demais para o seu filho”.

Com os comprimidos sendo consumidos dia a dia, Luciene vai continuamente à Farmácia Central tentar obter mais, sem sucesso. No último dia 1º, depois de mais uma tentativa, não teve jeito: desembolsou R$ 389. Foi aí que ela desabafou e disse que estava sendo feita de boba. “Não entendi porque tem remédio no almoxarifado e não tem na Farmácia Central. Estão enganando as mães que precisam dos remédios. Já chorei, estou cansada, não aguento mais”, disse ela à reportagem.

O valor pago pela mãe de Paulo Henrique: falta de remédios revolta moradores de Itaguaí - Arquivo pessoal

Quele Pascali Dias, outra mãe que tem filha com deficiência, gastou R$ 98 com remédios também no dia 1º de setembro.

Assim tem sido com quem precisa dos remédios para manter o tratamento dos filhos ou parentes: ou paga do próprio bolso ou continua a espera angustiante pelos produtos na Farmácia Central.

FRALDAS E REMÉDIOS EM FALTA
Além de fraldas, a lista de remédio em falta é a mesma apontada pelas mães e pelos pacientes na matéria do dia 6 de agosto: Fernobarbital, Fenergan, Respiridona, Depaken, Fluoxetina, Enalapril, Clonazepan. Mas há relatos de que falta até mesmo Dipirona.

No dia 5 de agosto, a prefeitura enviou à reportagem a seguinte nota: “De acordo com o secretário, a saúde enfrenta o mesmo problema que a Assistência Social. Ou seja, ingerências da gestão anterior nos processos licitatórios, alguns foram cancelados. A nova gestão, através da Secretaria de Saúde, pediu urgência e aguarda a finalização de processos para a compra de insumos e poder dar continuidade no atendimento da população”.

Porém, um mês depois de enviada a nota acima, não há novas informações da prefeitura sobre o andamento dos processos de compra dos insumos e medicamentos.

Via: O Dia

Nenhum comentário:

Postar um comentário