quinta-feira, 27 de agosto de 2020

Itaguaí não informa condições de atendimento do hospital de campanha


Licitação para aquisição de oxigênio para a unidade foi adiada em 12 de agosto

ITAGUAÍ - Reconhecido pelo próprio governo como incapaz de tratar de modo adequado pacientes com Covid-19, as reais condições do hospital de campanha ainda são desconhecidas para a maioria da população. Apesar dos esforços da reportagem em obter um parecer sobre a capacidade e a utilidade do hospital para atendimento dos itaguaienses, a prefeitura não publica um balanço sobre a quantidade de pessoas atendidas nem esclarece sobre a eficácia da estrutura que desde o dia 25 de maio funciona nas dependências do que era o Centro de Especialidades Médicas (Cemes), no centro da cidade.

Em 12 de julho, dois dias depois da cassação do prefeito Carlo Busatto Junior (Charlinho), o governo Rubem Vieira publicou na rede social Facebook da prefeitura um vídeo em que o secretário municipal de Saúde, Carlos Zóia, usa a palavra “improviso” para definir as condições do hospital de campanha de Itaguaí. Disse também que as instalações eram inapropriadas para tratar pessoas com Covid-19.

Os 11 leitos, segundo dados oficiais, estão desocupados, mas não se sabe se é por falta de pacientes ou de condições de atendimento - Reprodução internet - Painel Covid-19 Itaguaí

Em entrevista exclusiva a O DIA, o prefeito Rubem Vieira confirmou que o hospital não era adequado. De lá para cá, não houve anúncio de modificações ou aperfeiçoamentos no hospital.

LEITOS LIVRES E PREGÃO ADIADO
Em acesso realizado na tarde desta quinta-feira (27) ao Painel Covid-19, cujo link é https://itaguai.rj.gov.br/coronavirus/painel/, a reportagem notou que os 11 leitos do hospital de campanha estão livres, mas não se sabe se assim estão por causa de inoperância ou por falta de pacientes. Os leitos são semi-intensivos, e sobre eles já havia surgido um problema: na gestão Charlinho, anunciava-se que eram 25; na gestão Rubem, houve a declaração de que o número correto de leitos é 11.

Na entrevista a O DIA, o prefeito confirmou que o governo abriu uma licitação para aquisição e manutenção de peças em relação ao oxigênio para o hospital, pois, como disse o secretário de Saúde Carlos Zóia, não havia instalação adequada desses equipamentos na unidade.

Porém, o pregão 092 foi adiado sine die, ou seja, sem data para prosseguir, até que a “secretaria municipal de Saúde responda argumentos lançados na presente impugnação ao edital” – é o que diz a publicação no Jornal Oficial número 850, de 12 de agosto último.

A licitação para aquisição de oxigênio e manutenção: adiamento sem previsão 
Reprodução internet - Jornal Oficial de Itaguaí, número 850

Com todos os 11 leitos semi-intensivos livres, sem oxigênio, sem poder tratar pacientes graves e sem informações sobre quantidade de atendimentos realizados, a prefeitura não esclarece qual tem sido a utilidade do hospital de campanha nem o que fará dele quando a pandemia acabar.

PROPOSTA DO SECRETÁRIO
Conforme divulgou a prefeitura em nota no dia 21 de agosto, existe uma proposta para o Ministério Público do Rio de Janeiro que menciona uma possível utilidade para o hospital de campanha. Diz o texto: “De acordo com o secretário de Saúde, a intenção é investir mais no Hospital Municipal São Francisco Xavier, que está lotado de pacientes não Covid-19. Assim, o governo propôs ao MP uma forma mais eficiente de assistir a população, melhorando uma estrutura permanente e não temporária, como o hospital de campanha”.

A ideia do secretário Zóia é, conforme a nota, “transformar o hospital de campanha em leitos comuns para atender pacientes, como por exemplo da ortopedia, que tem alta demanda”.

Nesse sentido, o hospital de campanha, conforme diz o secretário, passaria a atender pacientes que não têm diagnóstico de Covid-19. O Ministério Público, também em nota enviada em 21 de agosto, declara que não teve ainda conhecimento da proposta oficialmente.

ÚLTIMOS DADOS
Os últimos dados publicados no Painel Covid-19 de Itaguaí são: 2117 casos confirmados, 104 óbitos, 11 leitos semi-intensivos livres no hospital de campanha e 1 leito ocupado dos 16 disponíveis no hospital municipal São Francisco Xavier.

Via: O Dia

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