terça-feira, 30 de junho de 2020

Enchente em Itaguaí deixa famílias desalojadas e vivem há quatro meses em escola


Sete famílias tiveram suas casas interditadas em fevereiro e até hoje aguardam o Aluguel Social. Ao todo, 25 pessoas dividem três salas e vivem de doações.

ITAGUAÍ - Sete famílias que viviam no Morro do Carvão, em Itaguaí, Região Metropolitana do Rio, estão abrigadas na Escola Municipal Prefeito Wilson Pedro Francisco por causa de um alagamento ocorrido antes da pandemia. Há quatro meses elas esperam por apoio do poder público e pelo direito de voltar para suas casas.

Ao todo, 25 pessoas ficaram sem casa depois que as chuvas fortes de fevereiro deste ano invadiram suas casas. Os imóveis foram interditados e até hoje essas pessoas vivem nas dependências da escola.

"A gente tinha a nossa vida, a gente tinha o nosso trabalho, estamos esquecidos. Dignidade é o que a gente pede. Respeito", lamenta a merendeira desempregada Jussara de Souza Correa.

Moradores dizem que o problema surgiu quando uma empresa começou a fazer obras na beira da Rodovia Rio-Santos para construir salas comerciais. A obra abriu uma cratera, no fim do ano passado. A galeria de águas pluviais ficou entupida.

"Estamos sem água. A gente chegou aqui na escola e a gente sempre sobreviveu de doações. Chegavam caminhões-pipa para abastecer e ao longo dos dias foi diminuindo a frequência dos caminhões-pipa para poder abastecer. Aí, pessoas solidárias com o nosso drama que a gente está vivendo, eles acionam. E a gente está conseguindo sobreviver", disse o motorista Marcelo Luís Costa.

Segundo eles, o gás também só chega à escola graças a ajuda de voluntários. "Eu cozinho. Mas se quer fazer um mingau para uma criança, não tem um leite. E as crianças não esperam. Mandam arroz, feijão, um fubá, 16 quilos de sal que mandaram de uma vez só. Bota aí o básico. É isso que eu tenho para dar e pronto", disse a merendeira Jussara.

Um grupo de moradores de Itaguaí levou alimentos para os abrigados. A boleira Monique Neves explicou seu ato. "Essas pessoas não estão pedindo esmola, estão pedindo dignidade. Nós doamos com todo o coração, mas eu quero saber até quando a prefeitura vai agir dessa forma com eles", disse a moradora.

A Prefeitura de Itaguaí cedeu três salas de aula que viraram quartos. Algumas famílias dividem o mesmo ambiente. Os colchonetes doados ficam no chão. Os abrigados dizem que o aluguel social ficou só na promessa.

"Até agora nada. Deram o quinto dia útil e até agora nada. Deram o quinto dia útil do mês que vem. Então, a gente está passando por momentos difíceis". disse o servente desempregado John Lenon Souza Carvalho.

Alguns moradores chegaram a começar uma negociação. "Pegamos o contrato, trouxemos para casa, porque a assistente social pediu. Sendo que a casa que eu procurei, a pessoa está pedindo o contrato de volta porque ela não quer alugar mais a casa. As pessoas não estão mais acreditando no que a gente fala", disse o servente desempregado.

Sem solução do governo, a aposentada Fátima do Nascimento da Silva Barreto, resolveu pagar o aluguel sozinha. "Quem vai me ressarcir esses alugueis que eu já paguei?", indagou a aposentada.

O motorista Marcelo Costa reclama: "Esse empurrar com a barriga que eles estão fazendo está difícil. É muita indignação."

O que diz a secretaria

A Secretaria Municipal de Assistência Social de Itaguaí informou que pediu o Aluguel Social ao governo do estado.

Segundo a pasta, todo o serviço de amparo às famílias "está sendo executado ininterruptamente e dentro da legalidade".

"Há uma vexatória crise política na cidade, momento em que a Câmara e a Prefeitura deveriam se unir no combate à pandemia, e ajudar os mais necessitados nas diferentes circunstâncias, assim como está. No entanto, há vereadores que se aproveitam politicamente do sofrimento destas famílias, e agem de forma oportunista e desumana. A Secretaria Municipal de Assistência Social, por determinação do Prefeito Carlo Busatto, não está economizando esforços para atender e amparar todos os atingidos, preservando a legalidade dos atos", diz a nota.

Via: G1

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